
O presidente do Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB), conselheiro Fábio Nogueira, abriu oficialmente, na noite desta quarta-feira (29), o projeto “Arte Sem Controle”, uma iniciativa conjunta do Tribunal e da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB), por meio do Centro Cultural Ariano Suassuna.
Em seu pronunciamento, Fábio Nogueira destacou o valor simbólico e social da arte e da cultura como instrumentos de liberdade, reflexão e transformação. “Está claro, de forma nítida, que não existe compatibilidade entre o autoritarismo e a cultura nacional. A arte, o saber e o conhecimento são expressões de liberdade. O artista nasceu para ser livre”, afirmou o presidente.
Ao relembrar o processo de criação do Centro Cultural Ariano Suassuna, o conselheiro ressaltou que a iniciativa nasceu de uma visão ousada, em um momento em que muitos questionavam o papel do Tribunal de Contas na promoção da cultura. “No início, enfrentamos algumas resistências. Perguntavam: o que o Tribunal de Contas tem a ver com arte e cultura? E a resposta está aqui. Criamos este espaço para o debate, o conhecimento, a convivência e a valorização da cultura paraibana e brasileira”, destacou.
O presidente explicou que o “Arte Sem Controle” surge com a proposta de ser um espaço de diálogo e pluralidade, com eventos mensais voltados a temas de relevância social, cultural e humana. “A ideia é realizar um evento por mês, abordando temas variados e de interesse da sociedade. Queremos que este seja um espaço de troca, reflexão e valorização da arte em suas múltiplas formas de expressão”, acrescentou.
Durante o evento, Fábio Nogueira agradeceu a parceria com o secretário de Estado da Cultura, Pedro Santos, e com a equipe do Centro Cultural, destacando o trabalho coletivo que tornou o projeto possível. “Não foi fácil chegar até aqui, mas vencemos o desafio. O ‘Arte Sem Controle’ reafirma o compromisso do Tribunal de Contas com o desenvolvimento humano, com a sensibilidade e com a cultura. É um espaço para todos: artistas, pensadores e amantes da arte e do conhecimento”, concluiu.

Cultura e diversidade em foco – O secretário de Estado da Cultura, Pedro Santos, também participou da abertura da primeira edição do projeto, destacando a renovação e a diversidade da produção artística paraibana.
Em seu discurso, ressaltou a importância de iniciativas que ampliam a visibilidade de artistas e temas historicamente marginalizados. “Temos experimentado um novo cenário na cultura paraibana, um cenário que busca evidenciar artistas e temas que, por muito tempo, ficaram à margem das discussões culturais. Por isso, celebramos um projeto dessa natureza, que sai do campo da ideia e se torna realidade”, afirmou.
Pedro Santos elogiou ainda a parceria institucional com o Tribunal de Contas e o papel do Centro Cultural Ariano Suassuna como equipamento público de excelência. “Sempre digo que este é um espaço exemplar. A primeira vez que entrei aqui fiquei impressionado com o cuidado e a qualidade. É um espaço voltado para as pessoas e para o fortalecimento da nossa identidade cultural”, destacou.
Edital voltado à primeira infância – Durante sua fala, o secretário anunciou o lançamento do primeiro edital da Secult voltado à primeira infância, reforçando o compromisso do Governo do Estado com políticas culturais inclusivas e transformadoras. “Estamos criando um edital com foco na primeira infância, reconhecendo a importância dessa fase como momento essencial de formação dos nossos cidadãos e cidadãs. É um passo importante para ampliar o alcance das políticas culturais e integrá-las às demais dimensões da vida social”, revelou.

Primeira infância e arte em debate – O tema do primeiro encontro foi “Primeira Infância: o impacto do lúdico por meio da arte”, com foco em experiências exitosas de convergência entre arte e educação infantil, especialmente a partir do eixo arte e cultura nos currículos escolares.
O painel contou com as participações das professoras Leila Rocha Sarmento, Márcia Gobbi e Elisangela Mercado (Universidade Federal de Alagoas), sob mediação da professora Adelaide Alves.

Alunos da Escola dos Sonhos, de Bananeiras, realizaram uma apresentação de danças folclóricas. A instituição se destaca por adotar uma proposta pedagógica inovadora e comunitária, que rompe com os modelos tradicionais ao construir o currículo com base nas necessidades dos próprios educandos. O foco está na promoção da equidade social, da justiça e na humanização da educação.
Encerrando o evento, Adelaide fez um balanço emocionado sobre as reflexões do debate, reafirmando a importância de reconhecer as crianças como cidadãs plenas, com voz, desejos e saberes próprios. “As crianças sabem o que querem, onde querem estar e o que desejam aprender. Elas têm condições de gerenciar e se apropriar da própria história”, afirmou.
A professora destacou a beleza de práticas pedagógicas que constroem o currículo escolar a partir da escuta das crianças, defendendo uma educação baseada no diálogo e na valorização das vozes infantis. “A gente mata as crianças quando diz ‘cala a boca’, ‘fica quieta’, ‘você não sabe de nada’. É preciso pensar fora da caixa, de forma interdisciplinar e interseccional”, enfatizou.
Encerrando sua fala, Adelaide trouxe uma reflexão inspirada no pensamento africano. “O ser humano se constrói nas interações consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Que possamos sair daqui afirmando a potência dessas crianças e o compromisso de reconhecê-las como sujeitos de história e cultura.”
Programação mensal – A primeira edição do “Arte Sem Controle” contou ainda com exposição de artistas paraibanos e apresentação musical da cantora Lili Sanfoneira, marcando o início de uma programação mensal que promete movimentar o cenário cultural do Centro Cultural Ariano Suassuna.
Cada edição contará com um painel temático, seguido de uma confraternização cultural no estilo happy hour, criando um ambiente descontraído e propício à troca de ideias e experiências. O evento é aberto ao público.














